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terça-feira, 8 de março de 2011

OS CINCO PILARES DO SUCESSO

Dr. Wim Peters - África do Sul
Durante a Campanha, é primordial que o columbófilo analise constantemente a evolução das suas marcações. Na realidade, isto já acontece de forma automática - os columbófilos que não estão a marcar bem tentam alterar procedimentos de forma a conseguirem melhorar as performances dos seus pombos, mas em quase todos os casos, não analisam o SEU próprio trabalho e procuram a solução dentro de um frasco de vitaminas ou outros suplementos! Analisemos mais profundamente o problema.
Terminada a Campanha, todos nós deveremos analisar o conjunto de resultados e tentar perceber as razões do sucesso ou insucesso. Se correu bem, é importante saber identificar os factores que o determinaram de forma a aplicá-los em anos futuros. O mesmo procedimento deve ser efectuado caso a Campanha nos tenha corrido mal, de facto, nestas circunstâncias é completamente absurdo mantermos os mesmos procedimentos ano após ano.

OS CINCO PILARES DO SUCESSO
Para estarmos aptos a proceder a uma análise completa, é importante começarmos pelo princípio, com isto quero dizer que deveremos olhar para o desporto columbófilo como uma entidade. Interroguem-se sobre os pontos básicos, pois apesar de quase todos os columbófilos estarem familiarizados com as respostas, não faz nada mal reflectirmos uma vez mais sobre eles. Estejam certos que será uma viagem que despertará boas memórias, fazendo-nos lembrar de pormenores há muito escondidos sob o manto da velocidade imposta pela vida moderna. Comecem pelos cinco pilares do sucesso. Quais são então estes ingredientes absolutamente vitais e sem os quais é impossível obtermos sucesso em columbofilia? Todos sabemos quais são, mas quantas vezes nos lembramos deles? São eles... um pombal eficiente, bons pombos, a melhor alimentação, boa gestão e um método completo. Ao examinarmos estes factores um a um, revelam-nos os problemas existentes nas colónias que marcam mal. Vamos então dedicar algumas palavras a cada um deles.

Pombal eficiente... Existem pombais nos quatro cantos do mundo - em quase todos os países - a forma como são construídos varia imenso de país para país. Alguns são enormes, outros muito pequenos; alguns são bonitos de ver, outros demasiado feios; alguns são fechados, outros totalmente abertos; alguns são construídos em pedra ou cimento, outros em madeira, ferro, etc., no entanto todos os pombais bem sucedidos são similares - por outras palavras, são bons nos requisitos essenciais... ventilação eficaz, pequena variação de temperatura, interior muito seco, nunca está húmido, proteger os pombos das correntes de ar, assim como dos predadores.

Bons pombos... Apesar de todos os procedimentos relacionados com a selecção de pombos da nossa colónia, nem sempre conseguimos eliminar todos os maus e escolher apenas os bons. Um mau método praticado por alguns columbófilos é passar para a reprodução todo e qualquer pombo que seja bonito e bem feito. Lembrem-se que nada nem ninguém pode garantir que determinado casal irá ser bom reprodutor. Isto porque existe demasiada interacção entre o columbófilo, os seus métodos, as condições atmosféricas, a distância, o pombal e outras variáveis para que se verifiquem certezas absolutas. Por exemplo, todos sabemos que um bom casal adquirido a um columbófilo honesto e de valor confirmado pode não dar nada nas mãos de um outro columbófilo, no entanto, o mesmo casal pode revelar-se extraordinário nas mãos de um terceiro columbófilo.
De uma forma geral podemos afirmar que as hipóteses de sucesso aumentam consideravelmente em proporção directa ao valor dos antepassados (as boas linhas não falham). Existem, no entanto numerosos factores que influem neste processo, resultando em variadas excepções a esta regra.
Muitos columbófilos solicitam ajuda de especialistas para os ajudarem a acasalar os seus reprodutores. Geralmente, estas pessoas analisam os músculos, asa, corpo, equilíbrio, tipo de olho e outras características físicas para efectuarem as combinações. Acredito, no entanto, que a percentagem de sucesso é idêntica à dos columbófilos que utilizam o método do bom senso e isto porque... na maior parte dos casos, a qualidade dos reprodutores base determina a qualidade da descendência.
Qualquer que seja o nosso método de acasalamento, é imperativo que os reprodutores sejam da máxima qualidade. Um pedigree detalhado e preciso, mostrando todas as boas performances pode assim ser um instrumento de trabalho extremamente valioso.
A melhor alimentação... A melhor ração é limpa, saudável - isto é muito importante - contém as sementes certas numa proporção equilibrada. Naturalmente isto implica que a melhor ração varia de acordo com as circunstâncias, por exemplo, a ração para velocidade difere da ração para a longa distância. As alterações de temperatura também implicam alterações na ração, tanto no tipo de sementes, como na quantidade servida. Nesta ordem de ideias, o método de servir a ração, o qual inclui a difícil tarefa de sabermos a quantidade exacta, é também importante, atrevo-me até a dizer, muito mais importante. A quantidade de ração varia de acordo com a distância do concurso, as condições atmosféricas em que irá ser voado (dias e noites muito frios podem implicar que a quantidade de ração possa aumentar até aos 80%) e o tipo de linha de pombos que cultivamos.
Na alimentação também deveremos incluir os grits, minerais, vitaminas, legumes, etc. que todos sabemos os nossos pombos necessitarem. Nem será preciso dizer que a água servida deve ser de boa qualidade.

Boa gestão... O trabalho mais importante relacionado com a gestão de uma colónia é, sem dúvida, o controlo do estado sanitário, uma vez que para atingirmos o sucesso, os nossos pombos devem ter uma super saúde. No que diz respeito à columbofilia, esta é uma das poucas afirmações - senão a única! - em que todos os columbófilos estão de acordo. O que significa super saúde? Suponham que os vossos pombos estão doentes, a enfermidade é diagnosticada, tratada e estão agora recuperados. Tais pombos serão saudáveis? Poderão ser, mas não é provável. O que quero dizer? Quando nos referimos a super saúde, estamos a falar de pombos que recuperaram de todos os tratamentos a que foram submetidos - invariavelmente os medicamentos provocam efeitos secundários - sendo capazes de se manterem saudáveis sem o uso regular de medicamentos (não estamos a falar de vitaminas, tónicos, chás, etc..). No passado, a maioria dos medicamentos eram administrados na água de bebida, provocando em muitos casos uma redução na quantidade de água ingerida pelos pombos, o que por si só prejudicava a saúde destes. Nesta ordem de ideias, não deveremos administrar qualquer produto na água de bebida que reduza, mesmo que ligeiramente, a quantidade de água ingerida. Resolvemos o problema misturando os produtos na ração (desde que possível).

Não conseguimos obter a super saúde de um dia para outro. Esta é o resultado de um cuidado muito atento da colónia durante longo período de tempo, o qual deve começar na muda.

Nem sempre é fácil determinarmos qual o estado da saúde dos nossos pombos e recomendo que, em caso de dúvida, o columbófilo deve procurar ajuda. Tratamentos cegos (tratar sem ter a certeza do problema) podem resultar, mas na maioria dos casos, servem apenas para piorar o já difícil problema, uma vez que a maioria dos medicamentos, para além de matarem os organismos causadores da doença, também prejudicam os próprios pombos. Um diagnóstico preciso tornou-se um factor essencial da columbofilia moderna. É um pormenor importante uma vez que deveremos evitar a todo o custo a administração de antibióticos. Com isto não quero dizer que deveremos reduzir as doses indicadas. Quando tivermos a certeza do problema que afecta os nossos pombos, os medicamentos devem ser dados na dose e duração indicadas.
O que mais implica uma boa gestão? Coisas como exercício regular, alguns treinos em linha - o número depende quase exclusivamente do tipo de concursos a voar e da linha e pombos que cultivamos, alimentação e a administração de suplementos na altura certa, etc.. Quando me iniciei na columbofilia, os columbófilos mais velhos alertaram-me para a importância da regularidade no exercício e alimentação, mas até isto é discutível. Um columbófilo meu amigo trabalha por turnos, em alguns entra ao fim da tarde, noutros logo pela manhã, etc.. Por esta razão, umas vezes solta os pombos pela manhã, outras vezes ao fim da tarde e ainda noutros dias nem os solta! Os seus resultados têm sido espectaculares! Sobre esta temática, devo dizer que o equilíbrio entre a quantidade de ração e o exercício é muito difícil de conseguir e, por conseguinte, de dominar.

Excesso de pombos - Já muito se disse e escreveu sobre o excesso de pombos e toda a gente conhece os perigos que lhe estão associados, no entanto, ainda ouvimos alguns columbófilos comentar... apesar de ter poucos pombos, foi a melhor Campanha da minha vida. E porque razão isto acontece?
Porque num pombal com poucos pombos...
1) O ar contém grandes quantidades de oxigénio (em relação ao número de pombos);
2) Muito espaço disponível. Os pombos não gastam as suas energias em lutas por um poleiro ou o acesso ao bebedouro/comedouro;
3) Tendo poucos pombos, o columbófilo dedica mais atenção a cada um dos seus atletas.
O que mais é digno de realce? Muitos métodos utilizados no passado foram esquecidos e deixaram de ser praticados sem que se tenha verificado um declínio nos resultados desportivos. O argumento de que se voltássemos a utilizar os métodos antigos os resultados seriam ainda melhores é muito difícil de provar. Os métodos evoluem com os tempos, os mitos vão surgindo, mas na columbofilia muitos dos caminhos continuam a ir dar a Roma.

Método completo... Deveremos escolher um método simples e completo, um que reduza substancialmente a possibilidade de erros, pois o campeão é quase sempre aquele que os comete em menor número. O tempo disponível e a linha de pombos cultivada deve pesar na escolha do método de jogo. Qualquer que seja o escolhido, lembrem-se que são os pombos que se terão de adaptar às circunstâncias e não o columbófilo, pois se este começar a ceder, os erros aparecem e é precisamente isto que queremos evitar a todo o custo.
E que mais? Assumindo que os cinco pilares da nossa colónia são fortes e os pombos estão saudáveis, motivados e bem preparados fisicamente, mas chegada a hora da verdade as suas marcações são uma verdadeira desilusão. Porque será???

BONS E MAUS VOADORES
Antes de avançar, deixem-me clarificar aquilo a que chamo "Bom Voador". Existem algumas situações que podem induzir-nos em erro. Por exemplo... Se encestarmos 20 pombos, um deles tira o primeiro prémio e os restantes não vão ao mapa, este não é concerteza um bom concurso! É claro que a vitória nos deu satisfação, mas a totalidade dos resultados indica que algo está errado. Não se deixem enganar pelo primeiro prémio. Um resultado destes deve ser motivo para algumas alterações no sentido de reencaminharmos a colónia para o caminho correcto. Poderemos considerar um bom concurso quando 50% dos nossos pombos marcarem dentro dos primeiros 10% da colectividade. Poderemos não ganhar o primeiro prémio, mas meter tal quantidade de pombos dentro dos primeiros 10% é de facto motivo de satisfação. Caso as marcações sejam de boa qualidade, não efectuem grandes alterações na tentativa de tirar primeiros, pois geralmente estas têm o efeito inverso. Não se pode "arranjar algo que não está estragado"!

Para a nossa discussão vamos assumir que a distância do concurso é 650 kms.
É fundamental compreendermos o porquê de uma boa marcação, de forma a estarmos aptos a poder repeti-la. Muitos columbófilos dizem... "Para quê tanta discussão? Tudo se resume a bons pombos, boa ração, muito treino, complexo vitamínico e minerais uma ou duas vezes por semana e o controlo regular contra as enfermidades que mais afectam os pombos". Não discordo, mas pergunto a esses columbófilos... "Será suficiente?". Se assim fosse, o mesmo método faria qualquer um marcar bem todas as semanas. A classificação ficaria então dependente da qualidade dos pombos em prova, sorte com os arrastamentos e as condições atmosféricas.
Esta última frase contém as "palavras de ouro". De facto, a qualidade dos pombos em prova, os arrastamentos e os caprichos do tempo são os três factores que causam a grande confusão.
É óbvio que a qualidade dos pombos que fazem parte da equipa varia de semana para semana, uma vez que alguns pombos são melhores que outros, mesmo pertencendo à mesma família. Neste aspecto, nada pode ser feito no imediato no que diz respeito à qualidade dos pombos.
Os arrastamentos são determinados pela posição do pombal em relação a montanhas, lagos, mar e as condições atmosféricas do dia da prova, particularmente o vento. Mais uma vez, neste aspecto, nada poderemos fazer para minorar o problema.
As condições atmosféricas têm de facto um papel preponderante, possivelmente o mais importante, na performance dos pombos. Apesar da sua influência nas classificações variar de região para região, as condições atmosféricas têm um papel decisivo frequentemente ignorado pelos columbófilos. A importância reside na interacção entre as condições atmosféricas e a preparação física dos pombos. Lembro que estamos a falar de uma forma generalizada, pelo que não estranhem se acontecerem excepções.
Existem pombos que voam melhor em determinadas distâncias, mas ainda com mais frequência aparecem pombos que voam melhor em determinadas condições atmosféricas. Digo até que certas linhas de pombos marcam bem em determinados dias, mesmo quando voados por columbófilos diferentes e, por isso, submetidos a métodos distintos. Com isto quero dizer que certas famílias de pombos têm preferência por determinado tipo de condições atmosféricas. É pois conveniente conhecermos bem os nossos atletas para sabermos se uma má marcação não terá como causa uma inadaptação dos pombos participantes às condições atmosféricas. Não procurem por isso a causa numa qualquer enfermidade ou a cura dentro de um frasco. Em tais casos, o sucesso ressurgirá com a alteração das condições atmosféricas predominantes.
Se preparamos os nossos pombos para um concurso lento voado com vento de bico, é evidente que não marcarão bem se este for rápido e voado com vento de rabo. Se preparamos os nossos pombos para um concurso de chuva, voado num dia ventoso e frio, quase sempre marcam mal se este virar para tempo quente e seco. É evidente que quem pretender atingir o topo deve saber analisar as condições atmosféricas. Quanto mais acertar, maiores serão as possibilidades de sucesso. Devo lembrar que todos os columbófilos enfrentam o mesmo problema, pelo que os mais inteligentes serão aqueles que no final da Campanha aparecem nos lugares cimeiros!

Como preparar pombos para ventos de bico e ventos de rabo?
1) Em termos gerais, é diferente o tipo de pombo para estas condições de tempo, pelo que se torna necessário escolhermos os voadores certos! Não poderemos esperar grandes marcações se encestarmos um pombo típico para vento de bico a um concurso rápido em que a maioria dos atletas têm características rápidas. O pombo mais rápido é com frequência maior, relativamente mais leve, mais comprido e com uma asa rápida. A asa é grande em relação ao corpo com uma grande secundária e rémiges primárias compridas que podem ser largas e não muito ventiladas.
2) A semana antecedente ao encestamento também é essencial. Os pombos NÃO são submetidos a voos puxados à volta do pombal, nem treinados em linha, nem encestados para fundo e não podem ser alimentados em demasia (a quantidade e tipo de ração deve ser sempre proporcional ao exercício e neste caso particular ambos deverão ser restringidos).
3) Para melhores resultados, os pombos devem descansar durante algumas semanas, ou seja não deverão voar concursos de fundo nas três quatro semanas precedentes à prova que estamos a preparar.

O oposto aplica-se a um concurso lento, difícil e com vento de bico.
4) Seleccionamos os pombos certos, ou seja os típicos atletas para vento de bico...curtos, bem constituídos, asas pequenas, bem ventiladas, músculos flexíveis - mais as fêmeas do que os machos.
5) Os pombos devem ser bem treinados à volta do pombal e em linha.
6) Por vezes, poderemos encestar determinados pombos semanalmente. Tudo depende da velocidade a que se voaram os concursos, o grau de desgaste apresentado à chegada e tempo de recuperação. Em nenhuma circunstância deveremos encestar um pombo na semana seguinte a ter voado uma prova de fundo voada a grande velocidade - nestes casos existe uma grande probabilidade do pombo não marcar bem ou até de se perder.
7) Deveremos servir suplementos de amendoíns, girassol ou outras oleaginosas. Poderemos também misturar óleos à ração.

Tudo o que acabei de dizer são acrescentos ao que normalmente cada um de nós faz.
O cenário apresentado é o mais básico possível para um concurso de vento de bico comparado com um de vento de rabo, no entanto a maioria dos concursos não está sujeito apenas a um tipo de condições atmosféricas. De facto, pode acontecer algo do género...uma solta com vento nulo e no percurso apanharem vento de rabo, de bico e lateral. Para além disto, podemos apanhar aguaceiros, nevoeiro, neve, tempestade de poeira, calor ou trovoadas. Como resultado das condições atmosféricas variáveis, pode acontecer que o vencedor seja um pombo que não se destaque quando o vento seja nulo ou constante de sul ou norte.
Perguntem sempre...Porquê ???
Porque razão veio este pombo à frente e não outro ? Porque razão o nosso preferido não foi ao mapa ? Porque é que os meus pombos não marcam nada ? Será a ração ? Terei encestado os meus melhores pombos ? Administrei as vitaminas certas ? Será que estão infectados com tricomonas ? Porquê, porquê, porquê ???
Inicialmente a resposta a estas perguntas parece estar bem escondida, mas passado algum tempo começaremos a ver alguma luz. Quando tal acontecer, o caminho do campeão revelar-se-à...mas desde já vos aviso, o caminho é estreito, sinuoso e muitos de nós perdem-se fácilmente !!!

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